segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Orfeão de Cordas faz arrastão de forró


Reproduzo matéria publicada no Diario de Pernambuco de hoje, 21 de setembro de 2009.


Allana Faustino tinha apenas nove anos quando tudo começou. Com um grupo de crianças da cidade de Belo Jardim, no Agreste pernambucano, a 187 quilômetros do Recife, ela costumava estudar música ao ar livre, num local chamado Praça dos Eucaliptos. Chovesse ou fizesse sol, eles estavam sempre lá, ensaiando e aprendendo a linguagem musical por meio das cifras. Hoje, a garota de 15 anos toca violão e guitarra no grupo musical Orfeão de Cordas Nivaldo Jatobá, que possui nove integrantes, sob a regência do professor e maestro Dorisvaldo Dantas Paulino. O grupo é a próxima atração do projeto Vitrine, direcionado aos leitores do Diario de Pernambuco e marcado para o próximo dia 28, no Auditório dos Diários Associados, em Santo Amaro.
Grupo se dedica às composições populares e promove pequenas performances enquanto toca Foto: Cezar Salis/DivulgaçãoA primeira aluna deste bem-sucedido projeto de educação musical, Allana Faustino, mostrará junto com o Orfeão de Cordas um legado popular e inusitado. "Nosso repertório é eclético. Os pontos fortes são o arrastão de forró e o pout-pourri de frevo", conta a radialista Damiana Alves Barbosa, 47 anos, coordenadora do grupo musical, que também desempenha o papel de assessora de imprensa.Segundo ela, o projeto - que hoje possui uma sede na comunidade de Santo Antônio, em Belo Jardim - ficou ameaçado de fechar as portas. Recentemente, no entanto, foi amparado pela Fundação Belo Jardim, que reformou a casa onde fica a sede (serviços de pintura e gesso), além de contratar Dorisvaldo Paulino como regente, pois o grupo estava sem maestro. As aulas são gratuitas e acontecem de segunda a sexta-feira, nos três turnos. Atualmente, a escola possui 60 alunos, mas já chegou a ter uma centena. "Também foram doados instrumentos, pois a escola havia sido roubada. Levaram nossa bateria e o som", explica Damiana Barbosa.O nome do grupo, detalha ela, foi escolhido em homenagem a Nivaldo Jatobá, seresteiro belo-jardinense famoso e já falecido. Nivaldo era tio de Vilma Jatobá, presidente da Fundação Belo Jardim. E Orfeão quer dizer coletivo.A apresentação no Recife tem uma hora de duração e inclui músicas conhecidas na voz de Luiz Gonzaga (como Asa Branca e Feira de Caruaru) ou de nomes da MPB, como Geraldo Azevedo (Saudade d'ocê). "Eles sabem tocar muito, mas só agora estou ensinando a teoria musical e a leitura de partituras. Antes, eles só liam cifras. É uma fase de lapidação de talentos", admite o maestro, que está à frente do Orfeão de Cordas há um mês e meio.Uma curiosidade são os números inusitados, pois em uma das músicas eles tocam formando uma corrente, com os seus violonistas com as mãos entrelaçadas. Allana Faustino, a primeira a chegar ao grupo, se destacou tanto que chega a tocar três violões ao mesmo tempo, inclusive com a ajuda dos pés.

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